As vezes o
cotidiano e a repetição nos fazem passar desapercebidas coisas de suma importância,
transformamos palavras e frases que possuem muito a dizer como - “Bom dia!”- virarem elementos auditivos mecânicos,
protocolares, mas realmente não paramos para refletir seu real significado.
Em decorrência disso
equívocos grosseiros são cometidos, como quando alguém diz - “Fulano é um
coitado...” - por mais que a pessoa tenha as melhores das intenções e queira
demonstrar por essa frase sua empatia com a situação, coitado é uma palavra que
deriva de COITO (se desconhece o significado procure no dicionário), acho que
dispensa maiores explicações ...rs
Três palavras
trazem no seu cerne os princípios mais valorosos da ordem, como são belas,
infelizmente quando ditas pela maioria são vazias de significado, são elas:
Liberdade, igualdade e fraternidade.
Liberdade
Como diria
Cecilia Meireles – “Liberdade
é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e
ninguém que não entenda.” – se o texto falasse de
abstrações poderíamos parar por aqui, mas não é o intuito. Liberdade por definição é:
-
Nível de independência absoluto e legal de um indivíduo;
-Liberdade
é a condição de uma pessoa que não é escrava.
Ou seja, ser livre basicamente é ser independente,
poder fazer e dizer o que se quer, quando achar necessário, sendo limitado
apenas por sua consciência. Muito simples …. para quem está no isolamento, como
foi descrito por Daniel Defoe no
romance Robinson
Crusoé, porem a partir do momento que outra pessoa é inserida no contexto há divergência
de pontos de vistas, há embates e na natureza o mais forte sempre está com a
razão.
Por
razão das relações
inter-humanas acho interessante o conceito Ludwig von Mises, que
afirma que a liberdade deve ser conquistada. Exemplos desse princípio podem ser
encontrados no jovem que ao completar 18 anos se acha “livre”, mas é dependente
dos pais para comer, ter um teto, estudar, etc...ou seja, não é livre. Assim
como o povo escravizado por um governante que esmaga a população pela violência
e impostos aviltantes, só se verá livre quando combater a tirania.
Para
Murray Rothbard,
liberdade só é existente se seguirmos o principio de não agressão:
Ninguém deve ameaçar ou
cometer violência (“agressão”) contra outra pessoa ou sua propriedade. A
violência pode ser empregada apenas contra o homem que comete tal violência; ou
seja, somente defensivamente contra a agressão violenta de outro.
Desse
axioma central, segundo o autor, podemos migrar para todas as reflexões
relativas a relação social, tenho como interessante e valido o conceito.
Albert
Pike, autor maçom, define a liberdade maçônica como – “liberdade
regulada pela lei moral” – também faz inúmeras menções a violência como sendo
adversaria da liberdade – “Tiranos usam a força do povo para acorrentar e
subjugar- isto é, oprimem o povo. Então usam-no para arar como as pessoas fazem
com bois subjugados. Assim, o espirito de liberdade e inovação é minimizado por
baionetas, e princípios são emudecidos por tiros de canhão. “.
Igualdade
Nenhum
preceito maçônico foi tão distorcido com fins políticos que esse, porem o
assunto dá um livro, então nos limitemos as definições. Albert Pike em seu
livro Moral e Dogmas afirma que a igualdade a ser defendida pela maçonaria é – “Igualdade
de direitos à vista da lei” – claro e objetivo: Todos, independe de condição financeira, etnia,
cargo ocupado, hereditariedade, religião ou qualquer outro fator, devem ser
vistos de forma igual pela lei. Como já foi dito por um orador – “A lei deve ser daltônica, de preferência cega” - ou seja,
nunca, jamais, em hipótese alguma, deve estar em qualquer regra humana menções
a essas características, quanto mais na lei.
Durante a
Revolução Francesa por exemplo, o termo igualdade mandava um recado bem claro
ao monarca – Tanto o Rei quanto o vassalo
deveriam ser julgados de forma igual, a lei deve valer a todos - um contrassenso é o fato de termos no Brasil o
infame FORO PRIVILEGIADO.
Se todos entendessem
esse conceito evitaríamos muitos problemas, a má interpretação leva ao erro de
achar que a maçonaria defende que todas as pessoas deveriam ser iguais, coisa impossível
sem que perdêssemos a liberdade, já disse Friedman:
“Uma sociedade que coloca a igualdade à
frente da liberdade terminará sem as duas”.
Ou seja, as pessoas são diferentes,
possuem vontades diferentes, inteligências diferentes ( leiam sobre inteligências
múltiplas), querem trabalhar com coisas diferentes, querem estilos de vida
diferente ( para um pescador ficar trancado em uma sala de terno e gravata como
um advogado seria um castigo) e histórias diferentes ( há pessoas que herdam de
seus país o resultado financeiro de séculos de trabalho familiar, há outros que
herdam apenas maus conselhos como – Só se fica rico sendo golpista ou roubando dinheiro alheio! - óbvia crença limitadora). Se esse princípio
fosse levado a máxima chegaríamos apenas a um regime ditatorial como a Coreia
do Norte, onde todos são maquinas trabalhando a “bem do coletivo”.
Não é à toa que a palavra LIBERDADE vem
a frente das demais, é um claro juízo de valor (primeiro liberdade, depois
igualdade e após fraternidade). Analisemos o que pensavam nossos irmãos ao
escreverem a declaração de independência dos EUA:
Consideramos estas verdades
sagradas e inegáveis: que todos os homens são criados iguais e independentes;
que desta criação igual resulta que eles possuem direitos
inerentes e inalienáveis, dentre os quais estão a preservação da vida e da
liberdade, e a busca da felicidade.
A criação aqui sugerida é pelo Grande
Arquiteto do Universo, dela derivam direitos inerentes (que não podem ser
negados), a preservação da vida (se defender), liberdade (não ser escravizado
ou tiranizado) e a busca da felicidade (felicidade é um conceito subjetivo, o
que é felicidade para um não é para o outro, certo é sua busca).
Fraternidade
No dicionário encontramos fraternidade
como:
-Relação de parentesco presente entre irmãos;
convivência afetuosa entre irmãos; irmandade.
-Convivência
equilibrada e agradável entre várias pessoas;
-Amor demonstrado pelo
próximo; afeto revelado àqueles os quais não se conhece.
Pike ao tratar do assunto diz “irmandade
(fraternidade), com seus deveres e obrigações como com os benefícios”, claramente limitando o significado da
palavra ao relacionamento entre maçons. Porem a maçonaria ampliou esse conceito
e definiu que todos somos irmãos (humanidade), outros pontos dos estudos maçônicos
abordam a ajuda aos necessitados.
Cabe aqui
uma ressalva, assim como igualdade, o princípio da fraternidade também foi usado
politicamente de forma equivocada. Quando abordado a temática não podemos desassocia-la
do voluntarianismo, ou seja, pessoas por vontade própria doando seu tempo ou
dinheiro aos necessitados, esse princípio não é desculpa para usarmos da força
para tomar as propriedades dos outros e distribui-la a quem entendermos. Como
dito pelo irmão Frédéric Bastiat:
É-me
impossível separar a palavra fraternidade da palavra voluntária. Eu não consigo
sinceramente entender como a fraternidade pode ser legalmente forçada, sem que
a liberdade seja legalmente destruída e, em consequência, a justiça legalmente
pisada.
Podemos concluir que esses três princípios não podem de maneira alguma serem desassociados quando forem tidos como base de tomada de decisão, ação que poderia desencadear em grotescas falhas e injustiças.